O que não significa que falar demais, teorizar demais e fazer de menos também seja uma boa idéia, pois tende ao cientificismo que acumula saberes nos arquivos, blogs, sites, livros, prateleiras, horas e horas de conversas e palestras, sem mudar grande coisa na realidade. O que também pode nos conduzir ao desinteresse pelo pensamento.
O ideal é quando boas práticas se apóiam em boas idéias e em conhecimento. E, como nada é perfeito, mesmo depois, quando estiver agindo, é preciso olhar em perspectiva, tomar certo distanciamento crítico da ação, para refletir se é isso mesmo a ser feito, se estamos no rumo certo, numa combinação entre a teoria e a prática, num processo contínuo e permanente de crítica e autocrítica.
Claro que dá trabalho, por isso existe gente que pensa, mas não faz, gente que faz, sem pensar e gente que não gosta de ser criticada quando está fazendo, ou pensando.
Outra falsa idéia é eleger o conhecimento racional e a prática como mais importantes que os sentimentos. Uma pessoa não está inteiramente pronta para agir se não estiver imbuído antes dos conhecimentos, das idéias, da visão de mundo que fundamente sua ação. E também não estará completamente convencida e motivada para o
conhecimento, e muito menos para a ação, se não estiver envolvida emocionalmente. Assim como boas práticas dependem de um período de conscientização e capacitação, estes dependem da sensibilização que irá imprimir a vontade de querer saber e de querer agir.
Por exemplo, uma pessoa não deverá estar pronta para plantar árvores, limpar ecossistemas, fazer a coleta seletiva, repensar e reduzir o consumo sem antes saber sobre as questões ambientais envolvidas, os riscos, e se não for despertada também sua sensibilidade e amor pela natureza e à vida, ao próximo - incluindo os não semelhantes, como os animais.
O processo de educação ambiental deveria se iniciar com a sensibilização, despertando o amor pela natureza e pelo próximo, a valorização da beleza e o prazer da convivência com a natureza, num processo contínuo onde deve estar presente a busca do conhecimento e a capacitação para a ação e também a capacidade de pensar criticamente, e então, agir.
Nada muda se a gente não mudar. Levar pessoas a participar de mutirões ecológicos ou de caminhadas exaustivas, antes que estejam preparadas e envolvidas emocionalmente com o amor e o prazer de estar na natureza, pode resultar em pessoas desmotivadas e mesmo hipócritas, que praticam um gesto qualquer de defesa da natureza apenas
para seguir a onda, mas que esquece logo em seguida, ou mesmo retorna a práticas predatórias quando não tiver ninguém olhando.
Autor: Vilmar Berna
Fonte: Portal do Meio Ambiente
Imagem: Revista Época
Essas atitudes devem ou deveriam fazer parte da boa educação, do saber conviver com o ambiente que nos cerca. Muito boa sua matéria.
ResponderExcluirAbraços forte
A posição explicitada no texto éperfeita. Só ousaria agregar uma consideração: os Programas de Educação Ambiental devem ser gestados a partir de estudos prévios do nível de percepção ambiental do segmento ao qual será oferecido o programa (foco preventivo); por outro lado, após a conclusão do programa um outro estudo de percepção ambiental deveria ser desenvolvido de modo a se ter uma avaliação da alteração da percepção induzida pelo programa / avaliação de sua eficácia (foco corretivo). Uma forma muito "discutida" pelos gestores ambientais, mas, inferlizmente, pouco adotada nas atividades do dia-a-dia. Uma parte da "teoria" que precisa - com a máxima urgência, virar "prática" na Educação Ambiental para o século XXI.
ResponderExcluirNúcleo de Estudos em Percepção Ambietnal / NEPA
roosevelt@ebrnet.com.br