Mikaelli Andrade

Mikaelli Andrade
Cachoeira Brejão/Coribe-Ba
”A água é o sangue da terra. Insubstituível. Nada é mais suave e ,no entanto , nada a ela resiste. Aquele que conhece seus princípios pode agir corretamente, Tomando-a como chave e exemplo. Quando a água é pura, o coração do povo é forte. Quando a água é suficiente,o coração do povo é tranquilo.” Filósofo Chinês no século 4 A.C

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"As preocupações ambientais contemporâneas originaram-se da percepção da pressão sobre os recursos naturais causadas pelo crescimento populacional e pela disseminação do modelo da sociedade de consumo"

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Toque de Recolher


 A velocidade é a nova pandemia que faz adoecer os humanos do século XXI.
Infectados pelos males da rapidez, também fazemos adoecer, no mundo natural, tudo aquilo que conseguimos tocar.

A sociedade do fast-food, em nome da rapidez, determina que o amadurecimento daquilo que nos alimenta seja mais curto. Encurtar o ciclo das frutas, abreviar o amadurecimento dos legumes, diminuir o tempo de vida dos animais que nos dão a carne, fenecer com avidez as verduras. Mexemos com a vida ao sabor de nosso apetite.

A sociedade de mercado determina que a produção de cereais seja maior. Há um campeonato a ser jogado, e no afã de chegar em primeiro, ganha aquele que aumentar mais a produção. Mas, nesse esporte o dopping é permitido.
Aceitam-se compostos químicos que, com suas moléculas high-tech, arrasam outras formas de vida. Para ter rapidez, eliminam-se competidores e predadores. Turbinar o concorrente com venenos, aqui, não é imoral, inda que isso custe o equilíbrio do local. Até porque, se duplicamos a safra, tudo se justifica. Afinal, o equilíbrio pretendido não é o ambiental e sim o da balança comercial.

Mexemos com a vida ao sabor de nossa ganância.

E assim, a vida gira, gira, gira. E o tempo passa, passa, passa. E a luz está acesa para que a galinha bote sem descanso. E os campos, revolvidos, produzindo o tempo todo. E a máquina, azeitada, repetindo movimentos por toda a eternidade...

Contrariamente ao frenesi humano, o resto da natureza segue seu curso. A uma estação sucede-se outra.  De velocidade diferente.

O outono, que sucedeu o verão, já chegou. É a estação das grandes colheitas; dos dias e noites de mesma duração; é, como dizem, quando a seiva das plantas começa caminhar para a raiz, para o seu recolhimento.

O ciclo da vida comporta descanso. Nada na natureza é artificialmente contínuo como o homem dá a entender. A um período mais ativo, segue -se um período de descanso. A natureza descansa. As pessoas também deveriam se acalmar. Como a natureza, deveriam retirar a pressa.

Ao outono, sucede o inverno.

- É frio, hein padrinho?

Pois então, como a seiva, recolha-se. Ou sente-se e leia. Ou durma mais cedo. Recarregue-se... Assim, quando chegar a primavera, você volta para o sol e floresce de novo!

Não é bom correr tanto. Quem vive tudo agora, tem que antecipar o futuro. Gastando o futuro agora, fica-se sem ele para depois. Sem futuro para ir, nada mais fará sentido.

Para esta sociedade estressada, é preciso um toque de recolher. De minha parte, na flor de meus 53 anos, assim expresso meu propósito:
Outonou meu
Verão
Os que viverem
Verão
Outro tom
Outro eu.

Autor: Luiz Eduardo Cheida - cheida@alep.pr.gov.br
Fonte: EcoTerra Brasil

Um comentário:

  1. otimo o seu post, o pior de tudo é que a vida está assim mesmo. Estamos na era dos vírus, das bactérias, do stress, e das enfermidades sinistras...

    bjus
    Pat

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